PSDB de Goiás recebeu R$ 800 mil de sócio de Cachoeira em 2010
Dinheiro foi uma doação de Rossini Aires Guimarães, um dos sócios da
empresa Ideal Segurança Ltda
O comitê do PSDB em Goiás, partido do governador Marconi Perillo,
recebeu uma doação de R$ 800 mil do empresário Rossine Aires Guimarães,
apontado pela Polícia Federal como um dos sócios do empresário de jogos de azar
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Conforme a prestação de contas do partido disponíveis no site do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rossine efetuou dois depósitos em favor do
PSDB, por meio de transferência bancária. Um de R$ 500 mil no dia 26 de
outubro, cinco dias antes do segundo turno. E outro no valor de R$ 300 mil, em
17 de novembro. Ele efetuou o depósito como pessoa física. Ao todo, o PSDB em
Goiás recebeu R$ 22,8 milhões em doações.
Pelo relatório do inquérito da operação Monte Carlo, da Polícia Federal,
Rossine é um dos cinco sócios da Ideal Segurança Ltda, com sede em Goiânia.
Além dele, a PF aponta como outros sócios o próprio Carlinhos Cachoeira e Gleyb
Ferreira da Cruz, um dos braços direitos do bicheiro. A PF suspeita que a Ideal
Segurança era utilizada para lavagem de dinheiro de origem ilegal. De acordo
com o relatório da PF, Rossine também emprestou dinheiro a integrantes do grupo
de Cachoeira.
Na prestação de contas do PSDB em Goiás, o governador Marconi Perillo
recebeu R$ 2,7 milhões do Diretório Estadual/Distrital do partido e R$ 14,3
milhões do comitê único do partido. O deputado estadual Mauro Rubem (PT)
apresentou um requerimento da Assembléia Legislativa de Goiás nesta terça-feira
(10) pedindo a convocação do presidente do comitê financeiro do PSDB na época
da campanha, Jayme Ricoh, para dar explicações sobre as doações do sócio de
Cachoeira.
O governador do Estado, Marconi Perillo, afirmou por e-mail não enxergar
qualquer ilegalidade na doação do empresário Rossine Guimarães. “A doação foi
legal, de acordo com o que estabelece a legislação eleitoral brasileira. Nunca
fui informado nem me interessei em saber sobre relações societárias entre
empresas privadas”, afirmou Marconi Perillo. Outros integrantes do PSDB também
não viram ilegalidades na doação do sócio do empresário Carlinhos Cachoeira.
Em Goiás, conforme revelações da Polícia Federal, a Ideal Segurança
tentou conseguir contratos com a Secretaria de Meio Ambiente e dos Recursos
Hídricos (Semarh).
Nesta quarta-feira, pela primeira vez, a Assembléia Legislativa discutiu
abertamente a relação entre políticos e assessores diretos do governador
Marconi Perillo com o empresário Carlinhos Cachoeira. Na semana passada, dois
funcionários do alto escalão do governo goiano pediram exoneração do cargo por
supostas ligações com Cachoeira. A chefe de gabinete de Perillo foi flagrada em
conversas telefônicas falando sobre operações da Polícia Federal em Goiás; o
então presidente do Departamento de Trânsito em Goiás (Detran-GO), Edivaldo
Cardoso, também deixou o governo, após ser apontado pela imprensa local como
lobista dentro do governo em favor do empresário de jogos de azar.
O deputado estadual Paulo Cézar (PMDB), por exemplo, pediu uma
“varredura” no governo goiano. Outros deputados da oposição, de partidos como
PT também pediram a instalação urgência de uma Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) para investigar a relação de políticos com Cachoeira. O líder
do PSDB na Assembléia, Túlio Isac, defendeu o governo afirmando que até agora
não foi provada qualquer relação de Cachoeira com o governo estadual.
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