Não sei como funcionaria na prática, mas aqui na minha cabeça de “sociólogo
de botequim” fico filosofando que seria muito bom se todo cidadão que
pretendesse concorrer a um cargo eletivo fosse submetido a uma comissão
julgadora em pelo menos três quesitos, a saber: a) Competência técnica; b)
compromisso político e c) atitude. Estas três virtudes formam o tripé sobre o
qual se equilibra qualquer agente público e, a ausência de uma delas, o torna
manco e até paralítico.
Para se exercer qualquer cargo ou
função na vida pública ou privada é primordial que o indivíduo tenha um mínimo
de conhecimento na área em que pretende atuar. Assim é que um médico
dificilmente poria de pé um edifício ao passo em que um engenheiro jamais
realizaria uma operação cirúrgica. Até mesmo nas tarefas consideradas mais
simples como administrar o lar, cultivar um roçado, etc., necessita-se de
conhecimento específico para tal. O que dizer de alguém que se propõe a
governar um município, um estado e ate mesmo um país? E os que são eleitos para redigirem as leis
que normatizam e controlam a vida de milhões de pessoas? Atentemos aqui para o
fato de que não estou defendendo somente os títulos conseguidos nas
universidades, mas também a competência nata ou adquirida nas escolas da vida.
A vida é feita de escolhas e na
gestão da coisa pública não é diferente, toda hora o gestor é confrontado a
decidir-se por essa ou aquela questão, ouve as mais diversas opiniões e cabe a
ele, em conformidade com o Compromisso Político assumido, determinar e orientar
o rumo de suas ações. Não é raro escutar-se por aí queixas de que determinados
governantes estão privilegiando um grupelho, geralmente constituído por bajuladores,
em detrimento da totalidade da população. Certamente o Compromisso Político
deste gestor está equivocado porque governar para uma patota o impede de agir
globalmente. Jesus já alertava para isso: “Ninguém pode servir a dois senhores;
porque ou há de amar um e odiar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o
outro” Mateus 6:24.
Atitude, “maneira arrojada, desinibida
e confiante de proceder ou enfrentar situações”. O não entorpecimento, o não
imobilismo. Equivale a bateria do motor, pois é daí que parte a centelha que
provoca a combustão e faz girar a máquina administrativa. Significa o “não
deixar para amanhã o que se pode fazer hoje”, o controle remoto que aciona as
secretarias e departamentos fazendo com que cada um cumpra seu papel dentro do
sistema. A falta de atitude geralmente provoca uma acefalia administrativa com
vários grupos e pessoas se motivando por si e tomando encaminhamentos díspares.
Um gestor que se encontre na
condição de um bom técnico e compromisso político definido, mas que não tenha
atitude, passa seu mandato como um sonhador, aquele que sabe o que tem que ser
feito, sabe para quem fazer, mas não faz nada, fica só no discurso. É um manco,
anda devagar e com dificuldades. Já aquele que é conhecido por não se aquietar,
viver inventando e promovendo coisas sem ter conhecimento do que executa, está
fadado ao fracasso, mesmo que seu compromisso seja politicamente correto, sua
obra não terá perfeição e não atingirá os objetivos.
Todavia, considero a ausência de
Compromisso Político a falta mais grave num governante, pois ele sabe fazer,
faz e não se preocupa com as conseqüências de seus atos. As histórias recente e
antiga estão recheadas de exemplos de pessoas que agiram desta forma, dentre eles
o mais emblemático foi Adolf Hitler, um técnico competentíssimo naquilo que se propôs
e que agiu diuturnamente para a consecução de seus objetivos. Como todos sabemos,
objetivos nada elogiáveis.