quarta-feira, 17 de julho de 2013

O COMPROMISSO DA PRESIDENTE DILMA


           Já escrevi aqui mesmo neste espaço que a condição mínima para ser um governante mediano é estar apoiado no tripé: “competência técnica”, “compromisso político” e “atitude”. Analisando o atual momento da presidente Dilma Rousseff percebe-se que enquanto ela não foi contestada, transitou com desenvoltura pelos três pilares desta sustentação. Porém desde que ficou demonstrado seu compromisso com a porção mais vulnerável de nossa sociedade que nota-se certo mal-estar nas camadas representadas pelas grandes corporações profissionais e midiáticas. É bom que se diga que este “compromisso” pelos pobres não é exatamente um atributo da presidente, mas de um esquema político inaugurado pelo ex-presidente Lula, que, aliás, em nome da governabilidade negociou ministérios, cargos em todos os escalões do governo e mil outras exigências arquitetadas (o nome disso é chantagem) pelos reacionários de plantão.

       Está na Bíblia e na sabedoria popular que ninguém pode servir a dois senhores concomitantemente, ainda mais se estes senhores tiverem interesses diametralmente antagônicos como são os da elite brasileira e os das classes que sempre viveram à sombra dos “manda-chuva” e à margem da cidadania. A presidente Dilma não pode ter a ilusão de contentar a todos. Os herdeiros diretos dos donos da “Casa Grande” não se conformam que um “senzaleiro” viaje de avião ou que compre uma roupa importada. E o que dizer de pobre e negro cursar faculdade? É uma vergonha! Além do mais, aqueles serviços considerados degradantes para a classe “A” como os trabalhos domésticos, construção civil e outros, estão pela hora da morte, culpa do governo e suas “bolsas” que estão criando um bando de “ociosos”.

        Por outro lado, os “bolsistas” e todos aqueles que se beneficiam dos programas sociais do governo, uma vez elevados à condição de cidadãos consumidores e contribuintes descobriram como é bom a vida do “outro lado”, vislumbraram a possibilidade de ascenderem cada vez mais, de viajarem mais, de gozarem melhor a vida, daí exigirem mais saúde mais educação e mais segurança. Conscientemente ou não se exaltam com a possibilidade de dar o troco àqueles que historicamente lhes negaram o direito à cidadania. É nesta arena (não confundir com Aliança Renovadora Nacional, de triste memória) que a presidente tem que se mover, popularmente diria que se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Portanto Presidenta honre mais uma das pilastras do tripé, tome uma atitude, se ficar empurrando com a barriga é provável que termine seu mandato com o dobro dos ministérios, o povo na rua clamando por igualdade e os insaciáveis glutões da direita pedindo mais sacrifício em nome da governabilidade.            

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O VERDADEIRO “X” DA QUESTÃO DO PLEBISCITO É MAIS EMBAIXO.



Tenho dito e repito que o poder não é suicida. Diante desta constatação não devemos esperar que seus detentores tomem, de bom grado,  qualquer iniciativa que signifique a diminuição de seus privilégios, ainda mais no caso de uma reforma política que venha dificultar a recondução de parlamentares ao Congresso Nacional.
A nossa Carta Magna, a mais democrática de todos os tempos, no Parágrafo Único de seu Art. 1º conceitua que “TODO O PODER EMANA DO POVO, QUE O EXERCE POR MEIO DE REPRESENTANTES ELEITOS OU DIRETAMENTE, NOS TERMOS DESTA CONSTITUIÇÃO”. Ora senhores, considerando que a primeira opção do dispositivo constitucional acima, ou seja, por meio de representantes, se tornou ineficaz, tendo em vista que há quase duas décadas mais de vinte projetos de reforma política encontram-se repousando nas gavetas do Congresso sem que os nobres parlamentares encontrem alento para fazê-los tramitar, nada mais justo e salutar do que decidir diretamente através de um plebiscito.
E foi exatamente isto que a presidente Dilma sugeriu, já que ela, enquanto chefe do Poder Executivo, não tem competência para decidir. Se der para valer nas eleições do próximo ano, ótimo, se não der, que sirva para 2016, pior é não se tomar qualquer atitude com alegações que não se sustentam ao mais superficial exame de pessoas leigas como eu.
Tenho lido muitos disparates de pessoas que se posicionam contra o plebiscito, como, por exemplo, dizer-se que Hitler usou e abusou de consultas populares tendo inclusive alcançado o maior nível de aprovação popular da história, numa alusão disfarçada à popularidade dos presidentes Lula e Dilma. Estas pessoas sabem, embora promovam terrorismo ideológico, que o voto é uma arma e como tal, tanto pode ser usada para matar com para se defender, dependendo, é lógico, de quem a empunha, o que certamente não é e nunca foi o caso de nossa presidente.
Não sei de que livro ou de que sociedade medieval, certas pessoas tiraram o conceito de democracia ao ponto de proporem que 50 milhões de brasileiros que seriam beneficiários dos programas sociais do governo fossem impedidos de votar porque não teriam isenção na hora de escolher. Mais uma vez senhores, ponham a mão em vossas consciências, 50 milhões são mais de 40 por cento de nossa população, ou os senhores não o consideram povo ou vossa democracia é mais democrática para os mais afortunados. Eles têm sim, o direito de votar de escolher, de dizer o que esperam dos governos. São ociosos? Podem ser. Vão votar a favor do governo? Talvez. Porém não são estes os motivos que incomodam tanto a algumas pessoas. Se fossem menos hipócritas diriam que com as bolsas que o governo distribui fica cada vez mais difícil conseguir uma empregada doméstica para ganhar o que estão dispostos a pagar, que o cheiro de povo que emana deles os incomodam nas salas de espera dos aeroportos, que não vão mais usar aquele tênis importado dos EUA porque viram um pedreiro calçado num igualzinho. Hipocrisia...

E o que dizer das empreiteiras que gastam os tufos de dinheiro para eleger deputados e senadores, estes têm isenção para se manifestarem a respeito de uma pretensa reforma política?  Claro que os reacionários acham mais fácil excluir os “bolsistas” das decisões importantes deste País, até porque historicamente eles foram excluídos geográfica, econômica e politicamente.