Tenho dito e
repito que o poder não é suicida. Diante desta constatação não devemos esperar
que seus detentores tomem, de bom grado,
qualquer iniciativa que signifique a diminuição de seus privilégios,
ainda mais no caso de uma reforma política que venha dificultar a recondução de
parlamentares ao Congresso Nacional.
A nossa Carta
Magna, a mais democrática de todos os tempos, no Parágrafo Único de seu Art. 1º
conceitua que “TODO O PODER EMANA DO POVO, QUE O EXERCE POR MEIO DE REPRESENTANTES
ELEITOS OU DIRETAMENTE, NOS TERMOS DESTA CONSTITUIÇÃO”. Ora senhores,
considerando que a primeira opção do dispositivo constitucional acima, ou seja,
por meio de representantes, se tornou ineficaz, tendo em vista que há quase
duas décadas mais de vinte projetos de reforma política encontram-se repousando
nas gavetas do Congresso sem que os nobres parlamentares encontrem alento para
fazê-los tramitar, nada mais justo e salutar do que decidir diretamente através
de um plebiscito.
E foi
exatamente isto que a presidente Dilma sugeriu, já que ela, enquanto chefe do Poder
Executivo, não tem competência para decidir. Se der para valer nas eleições do
próximo ano, ótimo, se não der, que sirva para 2016, pior é não se tomar
qualquer atitude com alegações que não se sustentam ao mais superficial exame
de pessoas leigas como eu.
Tenho lido
muitos disparates de pessoas que se posicionam contra o plebiscito, como, por
exemplo, dizer-se que Hitler usou e abusou de consultas populares tendo
inclusive alcançado o maior nível de aprovação popular da história, numa alusão
disfarçada à popularidade dos presidentes Lula e Dilma. Estas pessoas sabem,
embora promovam terrorismo ideológico, que o voto é uma arma e como tal, tanto
pode ser usada para matar com para se defender, dependendo, é lógico, de quem a
empunha, o que certamente não é e nunca foi o caso de nossa presidente.
Não sei de que
livro ou de que sociedade medieval, certas pessoas tiraram o conceito de
democracia ao ponto de proporem que 50 milhões de brasileiros que seriam
beneficiários dos programas sociais do governo fossem impedidos de votar porque
não teriam isenção na hora de escolher. Mais uma vez senhores, ponham a mão em vossas
consciências, 50 milhões são mais de 40 por cento de nossa população, ou os
senhores não o consideram povo ou vossa democracia é mais democrática para os
mais afortunados. Eles têm sim, o direito de votar de escolher, de dizer o que
esperam dos governos. São ociosos? Podem ser. Vão votar a favor do governo?
Talvez. Porém não são estes os motivos que incomodam tanto a algumas pessoas.
Se fossem menos hipócritas diriam que com as bolsas que o governo distribui
fica cada vez mais difícil conseguir uma empregada doméstica para ganhar o que
estão dispostos a pagar, que o cheiro de povo que emana deles os incomodam nas
salas de espera dos aeroportos, que não vão mais usar aquele tênis importado dos
EUA porque viram um pedreiro calçado num igualzinho. Hipocrisia...
E o que dizer
das empreiteiras que gastam os tufos de dinheiro para eleger deputados e
senadores, estes têm isenção para se manifestarem a respeito de uma pretensa
reforma política? Claro que os
reacionários acham mais fácil excluir os “bolsistas” das decisões importantes
deste País, até porque historicamente eles foram excluídos geográfica,
econômica e politicamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário