terça-feira, 30 de outubro de 2012

Como a Imprensa Rio-São Paulo Vê o Brasil


Jaime Amparo Alves*
Os brasileiros no exterior que acompanham o noticiário brasileiro pela internet têm a impressão de que o país nunca esteve tão mal. Explodem os casos de corrupção, a crise ronda a economia, a inflação está de volta, e o país vive imerso no caos moral. Isso é o que querem nos fazer crer as redações jornalísticas do eixo Rio – São Paulo. Com seus gatekeepers escolhidos a dedo, Folha de S. Paulo, Estadão, Veja e O Globo investem pesadamente no caos com duas intenções: inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e destruir a imagem pública do ex-presidente Lula da Silva. Até aí nada novo.
Foto: Demétrio Magnoli, representante do Instituto Millenium (reprodução)

Tanto Lula quanto Dilma sabem que a mídia não lhes dará trégua, embora não tenham – nem terão – a coragem de uma Cristina Kirchner de levar a cabo uma nova legislação que democratize os meios de comunicação e redistribua as verbas para o setor. Pelo contrário, a Polícia Federal segue perseguindo as rádios comunitárias e os conglomerados de mídia Globo/Veja celebram os recordes de cotas de publicidade governamentais. O PT sofre da síndrome de Estocolmo (aquela na qual o sequestrado se apaixona pelo sequestrador) e o exemplo mais emblemático disso é a posição de Marta Suplicy como colunista de um jornal cuja marca tem sido o linchamento e a inviabilização política das duas administrações petistas em São Paulo.

O que chama a atenção na nova onda conservadora é o time de intelectuais e artistas com uma retórica que amedronta. Que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso use a gramática sociológica para confundir os menos atentos já era de se esperar, como é o caso das análises de Demétrio Magnoli, especialista sênior da imprensa em todas as áreas do conhecimento. Nunca alguém assumiu com tanta maestria e com tanta desenvoltura papel tão medíocre quanto Magnoli: especialista em políticas públicas, cotas raciais, sindicalismo, movimentos sociais, comunicação, direitos humanos, política internacional… Demétrio Magnoli é o porta-voz maior do que a direita brasileira tem de pior, ainda que seus artigos não resistam a uma análise crítica.

Agora, a nova cruzada moral recebe, além dos já conhecidos defensores dos “valores civilizatórios”, nomes como Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro. A raiva com que escrevem poderia ser canalizada para causas bem mais nobres se ambos não se deixassem cativar pelo canto da sereia. Eles assumiram a construção midiática do escândalo, e do que chamam de degenerescência moral, com o fato. E, porque estão convencidos de que o país está em perigo, de que o ex-presidente Lula é a encarnação do mal, e de que o PT deve ser extinguido para que o país sobreviva, reproduzem a retórica dos conglomerados de mídia com uma ingenuidade inconcebível para quem tanto nos inspirou com sua imaginação literária.

Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro fazem parte agora daquela intelligentsia nacional que dá legitimidade científica a uma insidiosa prática jornalística que tem na Veja sua maior expressão. Para além das divergências ideológicas com o projeto político do PT – as quais eu também tenho -, o discurso político que emana dos colunistas dos jornalões paulistanos/cariocas impressiona pela brutalidade. Os mais sofisticados sugerem que a exemplo de Getúlio Vargas, o ex-presidente Lula cometa suicídio; os menos cínicos celebraram o “câncer” como a única forma de imobilizá-lo. Os leitores de tais jornais, claro, celebram seus argumentos com comentários irreproduzíveis aqui.

Quais os limites da retórica de ódio contra o ex-presidente metalúrgico? Seria o ódio contra o seu papel político, a sua condição nordestina, o lugar que ocupa no imaginário das elites? Como figuras públicas tão preparadas para a leitura social do mundo se juntam ao coro de um discurso tão cruel e tão covarde já fartamente reproduzido pelos colunistas de sempre? Se a morte biológica do inimigo político já é celebrada abertamente – e a morte simbólica ritualizada cotidianamente nos discursos desumanizadores – estaríamos inaugurando uma nova etapa no jornalismo lombrosiano?

Para além da nossa condenação aos crimes cometidos por dirigentes dos partidos políticos na era Lula, os textos de Demétrio Magnoli , Marco Antonio Villa, Ricardo Noblat , Merval Pereira, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, além dos que agora se somam a eles, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira. Seus textos serão utilizados nas disciplinas de ontologia jornalística não apenas com o exemplos concretos da falência ética do jornalismo tal qual entendíamos até aqui, mas também como sintoma dos novos desafios para uma profissão cada vez mais dominada por uma economia da moralidade que confere legitimidade a práticas corporativas inquisitoriais vendidas como de interesse público.

O chamado “mensalão” tem recebido a projeção de uma bomba de Hiroshima não porque os barões da mídia e os seus gatekeepers estejam ultrajados em sua sensibilidade humana. Bobagem! Tamanha diligência não se viu em relação à série de assaltos à nação empreendidos no governo do presidente sociólogo! A verdade é que o “mensalão” surge como a oportunidade histórica para que se faça o que a oposição – que nas palavras de um dos colunistas da Veja “se recusa a fazer o seu papel” – não conseguiu até aqui: destruir a biografia do presidente metalúrgico, inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e reconduzir o projeto da elite ‘sudestina’ ao Palácio do Planalto.

Minha esperança ingênua e utópica é que o Partido dos Trabalhadores aprenda a lição e leve adiante as propostas de refundação do país abandonadas com o acordo tácito para uma trégua da mídia. Não haverá trégua, ainda que a nova ministra da Cultura se sinta tentada a corroborar com o lobby da Folha de S. Paulo pela lei dos direitos autorais, ou que o governo Dilma continue derramando milhões de reais nos cofres das organizações Globo e Abril via publicidade oficial. Não é o PT, o Congresso Nacional ou o governo federal que estão nas mãos da mídia.

Somos todos reféns da meia dúzia de jornais que definem o que é notícia, as práticas de corrupção que merecem ser condenadas, e, incrivelmente, quais e como devem ser julgadas pela mais alta corte de Justiça do país. Na última sessão do julgamento da ação penal 470, por exemplo, um furioso ministro-relator exigia a distribuição antecipada do voto do ministro-revisor para agilizar o trabalho da imprensa (!). O STF se transformou na nova arena midiática onde o enredo jornalístico do espetáculo da punição exemplar vai sendo sancionado.

Depois de cinco anos morando fora do país, estou menos convencido por que diabos tenho um diploma de jornalismo em minhas mãos. Por outro lado, estou mais convencido de que estou melhor informado sobre o Brasil assistindo à imprensa internacional. Foi pelas agências de notícias internacionais que informei aos meus amigos no Brasil de que a política externa do ex-presidente metalúrgico se transformou em tema padrão na cobertura jornalística por aqui. Informei-lhes que o protagonismo político do Brasil na mediação de um acordo nuclear entre Irã e Turquia recebeu atenção muito mais generosa da mídia estadunidense, ainda que boicotado na mídia nacional. Informei-lhes que acompanhei daqui o presidente analfabeto receber o título de doutor honoris causa em instituições européias, e avisei-lhes que por causa da política soberana do governo do presidente metalúrgico, ser brasileiro no exterior passou a ter uma outra conotação. O Brasil finalmente recebeu um status de respeitabilidade e o presidente nordestino projetou para o mundo nossa estratégia de uma America Latina soberana.

Meus amigos no Brasil são privados do direito à informação e continuarão a ser porque nem o governo federal nem o Congresso Nacional estão dispostos a pagar o preço por uma “reforma” em área tão estratégica e tão fundamental para o exercício da cidadania. Com 70% de aprovação popular, e com os movimentos sociais nas ruas, Lula da Silva não teve coragem de enfrentar o monstro e agora paga caro por sua covardia.Terá a Dilma coragem com aprovação semelhante, ou nossa meia dúzia de Murdochs seguirão intocáveis sob o manto da liberdade de e(i)mprensa?
* Jaime Amparo Alves é jornalista, doutor em Antropologia Social, Universidade do Texas em Austin –amparoalves@gmail.com

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

DIA DO PROFESSOR


              No dia 15 de outubro de 1827 D. Pedro I baixou um Decreto Imperial criando o Ensino Elementar no Brasil. Este Decreto, além de instituir em todas as cidades, vilas e lugarejos a obrigatoriedade de ter pelo menos uma escola de “primeiras letras”, relacionava as matérias básicas que os alunos deveriam aprender, a descentralização do ensino e até um mecanismo de preservação dos salários dos professores. Claro que até hoje o referido Decreto não entrou em vigor pra valer.
                Vale lembrar que o 15 de outubro foi escolhido por também ser dedicado a santa Teresa D’Ávila ou Teresa de Jesus, como ficou conhecida. Teresa de Capeda Ahumada, nasceu em Ávila, Espanha em 1.515 e é muito reverenciada por seus múltiplos dotes, principalmente o de educadora.
                Mas foi somente em 1947, portanto 120 anos após a edição do Decreto Imperial, que uma iniciativa dos professores Salomão Becker, Alfredo Gomes, Antonio Pereira e Claudino Busko do Ginásio Caetano de Campos em São Paulo, foi comemorado pela primeira vez o DIA DO PROFESSOR, a fim de se chamar à atenção para o stress provocado pelo longo período letivo, que observava apenas 10 dias de folga em cada semestre.   
                O Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963 oficializou o dia 15 do mesmo mês como feriado escolar e definiu como razão a necessidade de se comemorar condignamente o Dia do Professor, em que alunos e familiares enaltecem a função do mestre na sociedade moderna.
                Motivos não faltam para se enaltecer os detentores desta profissão que é considerada a mãe de todas as outras. E de fato em todo o país e por todos os meios, pessoas do povo e autoridades emitem mensagens de reconhecimento a estes profissionais. Porém, reconhecimento aqui não é sinônimo de vantagem; apesar de todo auê que se faz em torno do professor, o magistério continua sendo uma das profissões mais mal remuneradas do Brasil.
                Não há, portanto, como esquivar-nos de prestar homenagens a estes prestimosos profissionais aos quais estamos todos, inexoravelmente, dependentes. E isto os torna cada vez mais importantes e cada vez mais responsáveis pelo destino da juventude deste país.  E aqui, como nem tudo é homenagem e deferência, registro minha indignação, nestes tempos de campanha eleitoral, quando vejo maus profissionais da educação, diretores até, abdicarem de suas funções docentes para se dedicarem a persuasão de eleitores, inclusive comprando votos e consciências. Entendo que se ensina mais com atitudes do que com palavras, e pergunto: que tipo de educação estão dando aos nossos filhos nas escolas?        

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

JULGAMENTO DO MENSALÃO


                O Brasil que aparece na mídia corporativa é mesmo surrealista. Nele, um indivíduo que apenas cumpra o seu dever de cidadão é logo elevado ao status de super- herói, com direito a exposição nos meios de comunicação e indicação para candidatura à Presidência da República. É o que acontece atualmente com Joaquim Barbosa, Ministro do Supremo e relator do mensalão.   E registre-se aqui que o Ministro, assim como seus companheiros do Supremo Tribunal Federal, na ótica de uma boa investigação, nem cumpriu plenamente seu dever.
                Sem querer, nem ter elementos para entrar no mérito do julgamento do que se convencionou chamar mensalão, fico me perguntando por que não se dá ou se deu tamanho destaque, por exemplo ao mensalão mineiro que foi a base do financiamento de campanha de FHC, porque nunca se investigou a fundo a compra de votos de deputados da região norte ao preço de R$ 200 mil para aprovar a emenda da reeleição que permitiu um novo mandato a Fernando Henrique. A propósito, na época, a Folha de São Paulo destacou na capa da edição de 13 de maio de 1997 que, o deputado Ronivon Santiago, do PFL do Acre,  admitia, conforme gravação em poder daquele jornal,  ter recebido o dinheiro. Veja a parte inicial da reportagem da Folha:
“O deputado Ronivon Santiago (PFL-AC) vendeu o seu voto a favor da emenda da reeleição por R$ 200 mil, segundo relatou a um amigo. A conversa foi gravada e a Folha teve acesso à fita.
Ronivon afirma que recebeu R$ 100 mil em dinheiro. O restante, outros R$ 100 mil, seriam pagos por uma empreiteira - a CM, que tinha pagamentos para receber do governo do Acre.
Os compradores do voto de Ronivon, segundo ele próprio, foram dois governadores: Orleir Cameli (sem partido), do Acre, e Amazonino Mendes (PFL), do Amazonas.
Todas essas informações constam de gravações de conversas entre o deputado Ronivon Santiago e uma pessoa que mantém contatos regulares com ele. As fitas originais estão em poder da Folha.
O interlocutor do deputado não quer que o seu nome seja revelado. Essas conversas gravadas com Ronivon aconteceram ao longo dos últimos meses, em diversas oportunidades.”

                Até hoje continuam impunes outros crimes cometidos durante o governo FHC, como os do Banestado, os escândalos das Sanguessugas, a Operação Vampiro, as ambulâncias superfaturadas, a escandalosa venda (melhor, doação) das empresas públicas, especialmente a Vale do Rio Doce, a Lista de Furnas, etc.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

COMPRA DE VOTOS


COMPRA DE VOTOS

Inicio este artigo com uma observação: não possuo formação nem experiência nas ditas “ciências políticas”, assim, o que sair daqui, é apenas o desabafo de um cidadão contribuinte brasileiro que vê dia após dia o dinheiro dos impostos que paga ser desviado para os bolsos dos maus políticos e a única arma de que dispõe para se defender não funciona a contento, o voto.
         O que acontece Brasil à fora é preocupante, as eleições, de modo geral sendo mercantilizadas, o debate de idéias sendo relegado e como conseqüência a ascensão de políticos aéticos, cujo único compromisso é com sua permanência no poder. Em Novo Oriente, todavia, estas mazelas são elevadas a potência máxima. A compra de votos virou assunto corriqueiro nas rodas de amigos e a justiça, de olhos vendados e braço curto, não alcança nem os corruptos nem os corruptores, diz faltar provas, mas não se tem notícias de que as procure, espera, sem dúvida, uma espécie de delação premiada, pois a lei pune quem vende com a mesma pena de quem compra votos, vindo daí, a meu ver, a maior dificuldade de se comprovar o delito.
         Outro dia estive conversando com um cabo eleitoral, useiro e vezeiro na prática de compra de votos e ele me dizia exatamente que não havia perigo de ser flagrado pela justiça,  exatamente porque não deixava rastro em suas transações e mesmo que vendedor resolvesse denunciá-lo, seria a palavra de um contra o outro.
         De fato, as transações feitas nas alcovas, na calada da noite ou nas cabinas dos automóveis, são de difícil comprovação, pois envolvem dois criminosos (o que vende e o que compra) sem testemunha e sem documento assinado. Tanto é que, eleição após eleição, inobstante o apelo da justiça, dos meios de comunicação, de ONG’S, etc., o problema vem recrudescendo em proporções geométricas. Seria interessante que a justiça, ao mesmo tempo em que tenta coibir o crime da comercialização de votos, procurasse tirar o incentivo que leva candidatos a investirem milhares e até milhões de reais numa eleição, tudo porque sabe que uma vez eleitos têm como reaver o capital investido, engordado por um bom ágio.
         As leis existem e estão aí a depender da celeridade dos órgãos de controle, Câmaras Municipais, Conselhos de Contas, etc. Sabe-se que é nas licitações de obras e compras que começa a fuga de nosso suado dinheirinho pelo ralo da corrupção, mesmo assim os citados órgãos não dão muita importância para o evento. Mas não são só os recursos públicos que financiam a compra de votos, o dinheiro do tráfico de drogas, dos cartãozeiros e de outros crimes tem sido também investido nesta atividade ilícita, enfim, tudo dinheiro sujo.
         Dura Lex, Sed Lex (A Lei é Dura, mas é a Lei) no nosso caso, a Lei é falha, mas é a Lei. Apurado o resultado das urnas em Novo Oriente, deu Godô para ser o prefeito de todos os novoorientenses de todos os matizes e de todos os credos pelos próximo quatro anos, então democraticamente temos que aceitá-lo e respeitá-lo. Temos que torcer para que ele faça um bom governo sem, contudo, esquecermos de fiscalizar suas ações e de denunciar quando for o caso, enfim, temos que fazer uma oposição propositiva.
         

COMPRA DE VOTOS


COMPRA DE VOTOS

Inicio este artigo com uma observação: não possuo formação nem experiência nas ditas “ciências políticas”, assim, o que sair daqui, é apenas o desabafo de um cidadão contribuinte brasileiro que vê dia após dia o dinheiro dos impostos que paga ser desviado para os bolsos dos maus políticos e a única arma de que dispõe para se defender não funciona a contento, o voto.
         O que acontece Brasil à fora é preocupante, as eleições, de modo geral sendo mercantilizadas, o debate de idéias sendo relegado e como conseqüência a ascensão de políticos aéticos, cujo único compromisso é com sua permanência no poder. Em Novo Oriente, todavia, estas mazelas são elevadas a potência máxima. A compra de votos virou assunto corriqueiro nas rodas de amigos e a justiça, de olhos vendados e braço curto, não alcança nem os corruptos nem os corruptores, diz faltar provas, mas não se tem notícias de que as procure, espera, sem dúvida, uma espécie de delação premiada, pois a lei pune quem vende com a mesma pena de quem compra votos, vindo daí, a meu ver, a maior dificuldade de se comprovar o delito.
         Outro dia estive conversando com um cabo eleitoral, useiro e vezeiro na prática de compra de votos e ele me dizia exatamente que não havia perigo de ser flagrado pela justiça,  exatamente porque não deixava rastro em suas transações e mesmo que vendedor resolvesse denunciá-lo, seria a palavra de um contra o outro.
         De fato, as transações feitas nas alcovas, na calada da noite ou nas cabinas dos automóveis, são de difícil comprovação, pois envolvem dois criminosos (o que vende e o que compra) sem testemunha e sem documento assinado. Tanto é que, eleição após eleição, inobstante o apelo da justiça, dos meios de comunicação, de ONG’S, etc., o problema vem recrudescendo em proporções geométricas. Seria interessante que a justiça, ao mesmo tempo em que tenta coibir o crime da comercialização de votos, procurasse tirar o incentivo que leva candidatos a investirem milhares e até milhões de reais numa eleição, tudo porque sabe que uma vez eleitos têm como reaver o capital investido, engordado por um bom ágio.
         As leis existem e estão aí a depender da celeridade dos órgãos de controle, Câmaras Municipais, Conselhos de Contas, etc. Sabe-se que é nas licitações de obras e compras que começa a fuga de nosso suado dinheirinho pelo ralo da corrupção, mesmo assim os citados órgãos não dão muita importância para o evento. Mas não são só os recursos públicos que financiam a compra de votos, o dinheiro do tráfico de drogas, dos cartãozeiros e de outros crimes tem sido também investido nesta atividade ilícita, enfim, tudo dinheiro sujo.
         Dura Lex, Sed Lex (A Lei é Dura, mas é a Lei) no nosso caso, a Lei é falha, mas é a Lei. Apurado o resultado das urnas em Novo Oriente, deu Godô para ser o prefeito de todos os novoorientenses de todos os matizes e de todos os credos pelos próximo quatro anos, então democraticamente temos que aceitá-lo e respeitá-lo. Temos que torcer para que ele faça um bom governo sem, contudo, esquecermos de fiscalizar suas ações e de denunciar quando for o caso, enfim, temos que fazer uma oposição propositiva.