O Brasil que aparece na mídia corporativa
é mesmo surrealista. Nele, um indivíduo que apenas cumpra o seu dever de
cidadão é logo elevado ao status de super- herói, com direito a exposição nos
meios de comunicação e indicação para candidatura à Presidência da República. É
o que acontece atualmente com Joaquim Barbosa, Ministro do Supremo e relator do
mensalão. E registre-se aqui que o
Ministro, assim como seus companheiros do Supremo Tribunal Federal, na ótica de
uma boa investigação, nem cumpriu plenamente seu dever.
Sem querer, nem ter elementos
para entrar no mérito do julgamento do que se convencionou chamar mensalão, fico
me perguntando por que não se dá ou se deu tamanho destaque, por exemplo ao
mensalão mineiro que foi a base do financiamento de campanha de FHC, porque
nunca se investigou a fundo a compra de votos de deputados da região norte ao
preço de R$ 200 mil para aprovar a emenda da reeleição que permitiu um novo
mandato a Fernando Henrique. A propósito, na época, a Folha de São Paulo
destacou na capa da edição de 13 de maio de 1997 que, o deputado Ronivon
Santiago, do PFL do Acre, admitia,
conforme gravação em poder daquele jornal, ter recebido o dinheiro. Veja a parte inicial
da reportagem da Folha:
“O
deputado Ronivon Santiago (PFL-AC) vendeu o seu voto a favor da emenda da
reeleição por R$ 200 mil, segundo relatou a um amigo. A conversa foi gravada e
a Folha teve acesso à fita.
Ronivon afirma que recebeu R$ 100 mil
em dinheiro. O restante, outros R$ 100 mil, seriam pagos por uma empreiteira -
a CM, que tinha pagamentos para receber do governo do Acre.
Os compradores do voto de Ronivon,
segundo ele próprio, foram dois governadores: Orleir Cameli (sem partido), do
Acre, e Amazonino Mendes (PFL), do Amazonas.
Todas
essas informações constam de
gravações de conversas entre o deputado Ronivon Santiago e uma pessoa que
mantém contatos regulares com ele. As fitas originais estão em poder da Folha.
O
interlocutor do deputado não quer que o seu nome seja revelado. Essas conversas
gravadas com Ronivon aconteceram ao longo dos últimos meses, em diversas oportunidades.”
Até hoje continuam impunes outros crimes cometidos
durante o governo FHC, como os do Banestado, os escândalos das Sanguessugas, a
Operação Vampiro, as ambulâncias superfaturadas, a escandalosa venda (melhor,
doação) das empresas públicas, especialmente a Vale do Rio Doce, a Lista de
Furnas, etc.
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