sexta-feira, 12 de outubro de 2012

JULGAMENTO DO MENSALÃO


                O Brasil que aparece na mídia corporativa é mesmo surrealista. Nele, um indivíduo que apenas cumpra o seu dever de cidadão é logo elevado ao status de super- herói, com direito a exposição nos meios de comunicação e indicação para candidatura à Presidência da República. É o que acontece atualmente com Joaquim Barbosa, Ministro do Supremo e relator do mensalão.   E registre-se aqui que o Ministro, assim como seus companheiros do Supremo Tribunal Federal, na ótica de uma boa investigação, nem cumpriu plenamente seu dever.
                Sem querer, nem ter elementos para entrar no mérito do julgamento do que se convencionou chamar mensalão, fico me perguntando por que não se dá ou se deu tamanho destaque, por exemplo ao mensalão mineiro que foi a base do financiamento de campanha de FHC, porque nunca se investigou a fundo a compra de votos de deputados da região norte ao preço de R$ 200 mil para aprovar a emenda da reeleição que permitiu um novo mandato a Fernando Henrique. A propósito, na época, a Folha de São Paulo destacou na capa da edição de 13 de maio de 1997 que, o deputado Ronivon Santiago, do PFL do Acre,  admitia, conforme gravação em poder daquele jornal,  ter recebido o dinheiro. Veja a parte inicial da reportagem da Folha:
“O deputado Ronivon Santiago (PFL-AC) vendeu o seu voto a favor da emenda da reeleição por R$ 200 mil, segundo relatou a um amigo. A conversa foi gravada e a Folha teve acesso à fita.
Ronivon afirma que recebeu R$ 100 mil em dinheiro. O restante, outros R$ 100 mil, seriam pagos por uma empreiteira - a CM, que tinha pagamentos para receber do governo do Acre.
Os compradores do voto de Ronivon, segundo ele próprio, foram dois governadores: Orleir Cameli (sem partido), do Acre, e Amazonino Mendes (PFL), do Amazonas.
Todas essas informações constam de gravações de conversas entre o deputado Ronivon Santiago e uma pessoa que mantém contatos regulares com ele. As fitas originais estão em poder da Folha.
O interlocutor do deputado não quer que o seu nome seja revelado. Essas conversas gravadas com Ronivon aconteceram ao longo dos últimos meses, em diversas oportunidades.”

                Até hoje continuam impunes outros crimes cometidos durante o governo FHC, como os do Banestado, os escândalos das Sanguessugas, a Operação Vampiro, as ambulâncias superfaturadas, a escandalosa venda (melhor, doação) das empresas públicas, especialmente a Vale do Rio Doce, a Lista de Furnas, etc.

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