É interessante
notar que todo analfabeto político tem um traço em comum, normalmente trata-se
de pessoas que se acham com elevado nível intelectual e cultural, que nos olham
de cima para baixo, encastelados em sua estupidez, achando se, portanto, acima
do bem e do mal. Não é raro ver-se um sabichão por aí apregoando a inutilidade
da política e dos políticos, sentenciando que por serem todos iguais não votará
em ninguém e se o fizer será por pagamento. Aconselha parentes e amigos a se
afastarem da política, pois só estarão perdendo tempo e dinheiro.
O que o idiota
não enxerga do alto de sua ignorância é que o dinheiro que paga seu voto é o
mesmo que a corrupção subtrai dos impostos que ele recolhe, o que ele não
percebe ou faz de conta que não sabe é que o dinheiro que ele recebe pelo voto
o torna receptador de roubo, porque é assim que é entendida a corrupção (roubo).
Como diria Bertold Brecht, o idiota estufa o peito e diz que não precisa dos
políticos. E não precisa porque os serviços públicos são precários e são
precários porque não há investimento nestes serviços e não há investimento
porque junto com o dinheiro que o vendilhão põe no bolso vai um pouco da
aprendizagem daquele aluno que não teve escola para freqüentar, vai também o
odor da pólvora disparada pelo crime sem a repressão da segurança sucateada e até
um pedaço da vida daquele paciente que morre à míngua no corredor dos hospitais.
A
mercantilização do voto é, sem dúvida, a causa primária da corrupção no Brasil,
é pra ela e por ela que tanto se roubam neste país. É evidente que depois de
aboletado no poder o comerciante de votos vai procurar também engordar sua
conta bancária, porque como dizia minha saudosa avó “a medida do TER nunca
enche” e mesmo precisa fazer caixa para as próximas eleições. E assim caminha a
humanidade... Num círculo vicioso, onde, com exceção do corrupto, todos perdem,
quem vende e quem não vende e, principalmente, o país que vê escapar pelo ralo da
corrupção, grande parcela do que obriga seus contribuintes a pagar.
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