sexta-feira, 6 de julho de 2012

PODE SER DIFERENTE, DEPENDE DE NÓS


            Lembro-me de uma modalidade de roubo que foi prática comum na região jaguaribana. Como se sabe, aquela região é conhecida por ter sido por muitos anos celeiro de matadores de aluguel. Pois bem, na entressafra dos crimes os bandidos roubavam motos e se propunham a devolvê-las aos legítimos donos, mediante o pagamento de uma taxa equivalente a aproximadamente 50% do valor do objeto.  Quer dizer, na iminência de perda total o proprietário optava por comprar seu próprio bem pela metade do valor.
          Alguns podem achar a analogia grosseira e de fato por aqui não se trata de bandidos que tiram a vida de pessoas mediante pagamento. O que acontece é que gestores de Novo Oriente retêm os recursos que se destinam a investimentos em setores como obras, educação, saúde (e neste caso pode haver perda de vida, sim) e com a proximidade das eleições prometem fazer em três meses o que não fizeram em quatro anos. Estradas, poços profundos e o que mais o imaginário maquiavélico conceber, são usados como moeda de troca em apoio aos candidatos oficiais. 
          É triste termos que nos submeter a este ardil artimanhoso para recebermos parte daquilo que é nosso por direito. É, acima de tudo, preocupante o fato de para receber o que nos pertence de fato e de direito, termos que votar em pessoas que se eleitas irão reproduzir todo o processo, fazendo girar a rodo do ciclo vicioso.
          Tenho testemunhado comentários de eleitores incautos, como que se orgulhando da amizade que priva com os “homens”, dizerem que o deputado “fulano de tal” perguntara-lhe do que ele estaria precisando, que não fizesse cerimônias. Confesso que ficaria caladinho, cá no meu canto, se as conseqüências deste ato se voltassem exclusivamente contra eles. Mas não é assim que acontece: as mortes à míngua em nosso depósito de doentes, denominado de hospital, as transferências intempestivas para centros mais desenvolvidos de parentes para se submeterem a um simples Raios-X, pode eventualmente atingir qualquer família de nosso sofrido Novo Oriente e por isso, atos assim, deveriam ser punidos criminalmente, tanto por partes dos responsáveis pela gestão quanto pelos incautos que os mantêm no poder.   

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