Pertenço a uma corrente de pensamento que prega que a única
coisa constante é a mudança. Portanto, estão no direito e ainda mais no dever
aqueles que advogam a mudança dos dias da feira de Novo Oriente para os
sábados. Porém, as mudanças precisam obedecer a determinadas regras e uma
delas, talvez a mais importante seja a oportunidade, isto é, não devemos mudar
por mudar, mas para melhorar. Notemos que até mesmo mudanças sutis como a
Seleção Natural das Espécies defendida por Darwin, só atuam pela conservação
das modificações úteis.
Outra regra importante é sem dúvida a legitimidade, se a
pessoa ou pessoas que se propõem a efetivar a mudança são de fato e de direito
os donos ou responsáveis pelo objeto mutável. Trazendo aqui para o tema
“mudança da feira”, devemos lembrar que a mesma não possui Certidão de
Nascimento nem Batistério, o que pressupõe que não haja um dono, público ou
privado e que apesar de tudo tem um sobrenome “Livre”, “Feira Livre” e aquilo
que é livre é do povo, donde se conclui que o povo é dono da feira.
O tópico acima vem a propósito de chamar a atenção para um
detalhe: Feira Livre é cultura e CULTURA, segundo nossos dicionaristas “é o
conjunto dos valores intelectuais e morais, das tradições e costumes de um povo,
nação ou lugar; é tudo quanto caracteriza uma sociedade qualquer, linguagem,
técnica, costumes, mitos, etc.”, estando a feira de Novo Oriente, desta forma,
imune às mudanças decretadas por governos ou exigidas pelas elites. Dê-se ao
povo o que é do povo, neste caso o direito de frequentar a feira no dia que
melhor lhe convier.
Por outro lado é necessário lançar-se um olhar de compreensão
aos comerciantes e comerciários que alegam precisar do domingo para descansar
da faina diária, mas nunca é demais lembrar que o mito bíblico de que Deus fez
o mundo em seis dias e no sétimo descansou já há algum tempo foi substituído
pelo deus mercado que não reserva um dia específico para o mister, deixando que
cada setor, pela suas peculiaridades escolha e negocie um dia para a folga
semanal.
-E é prioridade?
-Acho que não. Penso que nossos laboriosos parlamentares
poderiam ocupar-se com mais utilidade de assuntos estruturantes da própria
feira, como por exemplo, a abertura do autoatendimento dos bancos nos finais de
semana, o que facilitaria demais a vida dos expositores e frequentadores em
geral. O trânsito é outro assunto que está precisando de uma atenção especial
das autoridades, tanto quanto à desorganização que deixa as ruas literalmente
intransitáveis quanto à segurança que está ceifando precocemente a vida de
nossos jovens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário