sexta-feira, 1 de junho de 2012

CASAMENTO ARRANJADO



                Muito comum no passado, ainda persiste em algumas sociedades o instituto do Casamento Arranjado, notadamente na Índia e em outros países adjacentes. Na prática, o casamento nestas circunstâncias, não expressa a vontade dos noivos, não leva em conta afinidades de quem se propõe a viver o resto de suas vidas juntos, “até que a morte o separem”.  E enquanto a foice da morte não corta os laços engendrados pelos pais, quase sempre por motivos políticos e financeiros, o casal vive entre tapas e beijos (mais tapas do que beijos), porém a vontade dos genitores foi cumprida.

                Na política, hoje, mais que em qualquer outra época, assistimos passivos, a celebração de casamentos (ostentando o palatável nome de coalizão), entre partidos que nada têm a ver um com o outro e servem tão somente para acomodar chefetes políticos, que de outra forma seriam obstáculo a tal da governabilidade. Estatuto, programa de partido, ideologia, tudo isto é desconsiderado, nada deve obstaculizar um apoio, mesmo que para pagar o preço tenha que entregar a alma ao diabo.

                Porém, é na hora de compor a equipe de auxiliares que o governante se depara com as verdadeiras dificuldades de liderar interesses tão díspares. Cada secretário puxa a brasa para a sardinha de seu protetor, e são tantas as sardinhas e são tantos os protetores e são tantos os interesses que se o sujeito não tiver pulso forte faltará brasa e o fogo se apagará. Todavia, só ter pulso não resolve o problema, já que a qualquer momento poderá haver uma rebelião e os apoiadores passarão a chantagear a administração.

Chantagem, aliás, é arma poderosíssima nas mãos dos coronéis, chefetes políticos. Já por ocasião da campanha cada um deles demarca o território que se julga possuidor e que é proporcional a influência que deseja ter na administração, não são raras as brigas, as intrigas e os “disse me disse” na luta engalfinhada por poder. Esta talvez seja a causa de tantos insucessos de gestores bem intencionados que não conseguem concretizar seus projetos.  Por tudo isto o governante tem que administrar, como se diz, no fio da navalha.      

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