Muito
comum no passado, ainda persiste em algumas sociedades o instituto do Casamento
Arranjado, notadamente na Índia e em outros países adjacentes. Na prática, o
casamento nestas circunstâncias, não expressa a vontade dos noivos, não leva em
conta afinidades de quem se propõe a viver o resto de suas vidas juntos, “até
que a morte o separem”. E enquanto a
foice da morte não corta os laços engendrados pelos pais, quase sempre por
motivos políticos e financeiros, o casal vive entre tapas e beijos (mais tapas
do que beijos), porém a vontade dos genitores foi cumprida.
Na
política, hoje, mais que em qualquer outra época, assistimos passivos, a
celebração de casamentos (ostentando o palatável nome de coalizão), entre
partidos que nada têm a ver um com o outro e servem tão somente para acomodar
chefetes políticos, que de outra forma seriam obstáculo a tal da
governabilidade. Estatuto, programa de partido, ideologia, tudo isto é
desconsiderado, nada deve obstaculizar um apoio, mesmo que para pagar o preço
tenha que entregar a alma ao diabo.
Porém,
é na hora de compor a equipe de auxiliares que o governante se depara com as verdadeiras
dificuldades de liderar interesses tão díspares. Cada secretário puxa a brasa
para a sardinha de seu protetor, e são tantas as sardinhas e são tantos os
protetores e são tantos os interesses que se o sujeito não tiver pulso forte
faltará brasa e o fogo se apagará. Todavia, só ter pulso não resolve o
problema, já que a qualquer momento poderá haver uma rebelião e os apoiadores
passarão a chantagear a administração.
Chantagem,
aliás, é arma poderosíssima nas mãos dos coronéis, chefetes políticos. Já por
ocasião da campanha cada um deles demarca o território que se julga possuidor e
que é proporcional a influência que deseja ter na administração, não são raras
as brigas, as intrigas e os “disse me disse” na luta engalfinhada por poder. Esta
talvez seja a causa de tantos insucessos de gestores bem intencionados que não
conseguem concretizar seus projetos. Por
tudo isto o governante tem que administrar, como se diz, no fio da navalha.
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