sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

PAREDÕES DE SOM

                                                                                                        

                                                                                                     
  

            Ele vem fazendo estardalhaço por onde passa. Chega às casas, se encontrar portas abertas entra sem cerimônia, se não encontrar entra pelas frestas das portas e janelas, pelo telhado e até pelas paredes; não existe praticamente nada que possa segurá-lo. É inconveniente, não deixa você ver seu programa na televisão e nem conversar com seus amigos, mas também é sádico não lhe permitindo dormir, obrigando-lhe a aturá-lo por horas seguidas.
            Estou falando do ruído emitido pelos paredões de som que inferniza a vida de muita gente por este Brasil a fora.  Entendo que se alguém tem o direito de ouvir o que quer, eu igualmente tenho o direito de não ouvir o que não gosto. Diferentemente do rádio, da televisão e de outros aparelhos sonoros que sempre se tem o arbítrio de ligar, desligar, controlar o volume, etc., este barulho cataclismológico é soberano, reinando sob lei da impunidade ou sob lei nenhuma.
            Tal como acontece com o tabagismo, somos “ouvintes passivos”, submetidos a uma verdadeira overdose “decibélica” de música de gosto duvidoso, onde a tônica é a apologia a prostituição e a desvalorização das mulheres que, contraditoriamente, enchem os pátios, gritam, brigam se descabelam e tecem loas a quem as difamam.
            Igualmente como acontece no caso do cigarro, os paredões de som, geralmente instalados em veículos, servem de status para o proprietário. Conheço filhinho de papai que trafega pelas ruas a bordo de camioneta importada, com caixas de som cuspindo decibel por todos os lados e ele hermeticamente trancado na cabina, numa flagrante constatação que não é para seu consumo aquelas cenas de exibicionismo.
            A boa notícia é que algumas câmaras estão aprovando leis que buscam coibir estes exageros. As “leis do silêncio” municipais aliam-se a algumas iniciativas dos governos estaduais e de órgãos do meio ambiente preocupados com o bem estar e o sossego da população. Espera-se que em Novo Oriente nossos laboriosos vereadores tomem igual decisão.

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