domingo, 12 de julho de 2009

A Saúde Brasileira

. Que a situação da saúde brasileira é das piores do mundo ninguém tem dúvida. Porem o que os noticiários têm dado conta nestes últimos dias chega às raias da irresponsabilidade. Não bastassem os corredores das emergências dos hospitais, atulhados de macas com pacientes em estado grave aguardando uma vaga para se internar, as chamadas consultas eletivas estão sendo marcadas para até treze meses. Foi isso que escutei ainda ontem num noticiário. Mas o que me chamou mesmo a atenção foi que no intervalo comercial, num desses anúncios institucionais do Ministério da Saúde, alertava a população para os riscos de se tomar remédios sem orientação médica. Talvez fosse melhor que o governo proibisse logo os pobres de tomar remédios ou, quem sabe, de adoecer. Não há como discutir os perigos advindos do abuso de medicamentos, principalmente quando não tem acompanhamento de um profissional de saúde, contudo, cabe ao paciente pobre decidir: esperar 13 meses para se tornar portador de uma receita médica e leva-la até uma farmácia para adquirir um antigripal ou, se o caso for mais sério, enfurnar-se, juntamente com portadores das mais várias doenças contagiosas, num corredor infectado de um hospital. E por falar em medicamento, é no mínimo estranho o posicionamento da justiça do Ceará, limitando os descontos que as farmácias dão para seus clientes. Cabem aí alguns questionamentos do tipo: de que lado está a justiça? Os donos de drogarias são assim mesmo tão abnegados?

Um comentário:

  1. A saúde pública brasileira simplesmente inexiste. Incontáveis são os casos de postos de saúde e até hospitais de grande porte que esperam por um momento oportuno (entenda-se, um palanque político) para serem entregues ao povo. O que temos, de fato, é uma festança dos planos de saúde e dos hospitais de rede privada, que, geralmente com todo apoio do executivo e do legislativo, e certas vezes até do judiciário, se fazem fundamentais a qualquer cidadão que preze minimamente por sua saúde e que não pode depender da omissão do Ministério e das Secretarias da Doença. As empresas farmacêuticas, há de destacar, também cumprem um enorme deserviço à população, quando habilmente manejam um macabro jogo que pôe em dois extremos o lucro e a vida. Por falar em vida, pra que pecado maior, pra que maior prova de desumanidade do que se tratar da vida numa relação baseada num sistema comercial? Quantas famílias enxugam o pranto, que machuca mais ainda, ao se considerar que a medicina evoluiu tanto, mas para tão poucos. O Estado, ganha, como nos lembraria Focault, o direito de "vida e morte". O aparelho estatal chega assim, a, talvez, o nível mais profundo de poder estabelecido, em que decide se deixa viver, ou deixa morrer.

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